Desconstrução da conferencia de imprensa de Rúben Amorim

Ontem aconteceu pior conferencia de imprensa de Rúben Amorim

 

Indubitavelmente, aquilo que afirmou no pós-jogo com o Marselha, fez com que se tornasse na pior conferencia de imprensa de Rúben Amorim desde que é treinador do Sporting Clube de Portugal.
 
Apontado por muitos, e bem, como um mestre da comunicação, RA cometeu ontem uma série infindável de erros e caiu em algumas contradições.
Desde logo, a mais evidente, e aquela que salta à vista dos mais distraídos. Refiro-me à sua afirmação totalmente infundada que os jogadores que ele trouxe do Braga são perseguidos. Isto é um absurdo! Os jogadores não foram criticados devido à sua proveniência, mas sim à sua performance. Pelo menos, pelos adeptos sportinguistas. Se na comunicação social houve mais do que isto, então que Amorim esclareça, caso contrário ninguém “comprará” esta sua afirmação e, tal como aqui afirmo, não passará de um erro seu.

Depois a defesa de Ricardo Esgaio. Quem mais expõe Esgaio e não o protege, é ele próprio, é unicamente Rúben Amorim. Salta à vista que este jogador não tem estrutura mental para ignorar ou “aguentar” o ambiente hostil que se criou à sua volta. É estranho RA não perceber isto e não parar de o “lançar às feras” de forma constante. Afinal de contas, foi o próprio Amorim que em tempos afirmou que Paulinho precisava de “limpar a cabeça”, estar um tempo sem jogar, para depois voltar em grande. Comparando um com o outro, Paulinho é psicologicamente mais resistente que Ricardo Esgaio. De longe! Ora se o defendeu, porque não defende Esgaio?

Esta defesa não pode passar por afirmar coisas como dizer que Esgaio é um dos seus jogadores preferidos. Esta talvez tenha sido a maior calinada da noite, senão vejamos:
- afirmar isto e continuar a “dar oportunidades” a RE, é criminoso porque, há muito que se percebeu que não são oportunidades, são “pregos no caixão”;
- cada vez que Esgaio saiba que, no dia seguinte irá integrar o 11 inicial, provavelmente irá dormir mal ou não dormir de todo nessa noite. Uma autentica tortura que Rúben admitiu ao afirmar que o próprio Esgaio estará a ficar sem confiança em si
próprio;
- ao fazê-lo, Amorim está a retirar a principal qualidade de Ricardo Esgaio: a fiabilidade. Talvez tenha sido este o predicado que fez com que Rúben o fosse buscar ao Braga e agora está a destruí-lo.

Lembro-me do Esgaio pré Braga e acompanhei com alguma atenção os seus anos no clube minhoto. Nunca foi um atleta brilhante, uma estrela, mas era um daqueles jogadores que todos os treinadores gostam de ter porque sabem que quando os chamam, eles não falham. Cumprem a missão sem comprometer.
Era, disse eu. Usei o pretérito, porque depois do que se está a passar, ou o Ricardo muda de ares e vai para outro clube e tenta reaver o que outrora foi seu, ou, no Sporting estará acabado. Temo que, ao contrário de Paulinho, cujo caso não chegou a este extremo, Esgaio não volte a ter condições para jogar com a tranquilidade necessária para não voltar a cometer erros básicos como os de ontem.

Se a teimosia persistir (vou capitular a palavra: TEIMOSIA), receio que RA comece a perder o que sempre dominou tão bem: o grupo. Ontem, ao afirmar que Esgaio era um dos seus jogadores favoritos, terá dado o primeiro passo nesse sentido. Todos sabemos que os treinadores têm as suas preferências dentro dos planteis. Daí a afirmá-lo publicamente e com esta ênfase, vai uma enorme distância. Uma distância que possa ser determinante. Um erro primário.

Mas não foi apenas a questão Ricardo Esgaio que nos mostrou um Rúben Amorim muito longe do seu melhor. Começo por destacar o tom fúnebre que usou. Ao contrário do que aconteceu noutras conferencias que se seguiram a derrotas e em que RA fez acreditar os adeptos que tudo iria melhorar, ontem, quem o ouviu, dificilmente tirou essa conclusão. O tom, como referi, mas também algumas hesitações, foram determinantes para revelar um certo cansaço que certamente terá passado para quem o escutou com atenção. Aquelas frases do género “vamos continuar a trabalhar”, que antes eram proferidas com uma vivacidade que fazia acreditar quem as escutasse, ontem pura e simplesmente passaram despercebidas. Aliás, creio que apenas usou uma na resposta à primeira pergunta e, imagino eu, tendo-se apercebido do mal que estava a fazer, não insistiu. Perguntei a mim próprio onde estará o Rúben Amorim cheio de vivacidade, de peito cheio, aquele que não tinha medo de dizer que quando faltava um jogador, ia-se buscar outro à equipa B. Não é este Rúben, de certeza.

Não vou aqui esmiuçar outros equívocos seus nas substituições realizadas durante o jogo. Foram várias e algumas inexplicáveis. Quero terminar apenas com a menção ao episódio alimentado pelo defesa esquerdo do Marselha, cujo nome me abstenho de pronunciar, e que, felizmente Amorim desvalorizou. Apenas deixo estas perguntas à vossa consideração: porque saiu esse jogador da formação do Sporting? Porque motivo o Benfica o despachou assim que pode para o Arsenal? Porque o Arsenal se viu livre dele para o Marselha? Por último, quanto tempo demorará o Marselha a perceber o que tem em mãos?

Obrigado por lerem,
Ball


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