Cristiano Ronaldo: história de um calvário
Numa coisa creio que todos estamos de acordo: ninguém tem a informação completa do que se passou na pré-época. Sabe-se da morte do seu filho e que o Manchester United o autorizou a estar ausente. Estes são os únicos factos indesmentíveis e, como tal, não sujeitos a interpretações.
De resto, se CR7 queria ou não continuar no Manchester United e se houve clubes a quem Jorge Mendes o ofereceu, são meras especulações, que, por mais vezes repetidas não se tornarão em verdades. Estas e outras.
O que mais sabemos factualmente?
- Cristiano apresentou-se poucos dias antes do início da época oficial;
- Quando confrontado com o que esperava dele, Ten Hag respondeu: “golos, muitos golos”.
- Depois Ronaldo foi sendo lançado na equipa. Primeiro jogando apenas partes dos 90 minutos, o que se entendia, dada a sua forma não estar ao nível dos companheiros e a integração nas ideias de jogo do treinador não poderem ainda estar assimiladas;
- Seguiu-se o primeiro jogo completo. Aconteceu na Liga Europa, com o Sheriff Tiraspol. Ronaldo marcou, ainda que de penálti e fez um bom jogo, segundo a crítica em Inglaterra;
- Cristiano voltou ao banco, mas saiu dele para marcar o golo da vitória no jogo com o Everton;
- A partir daqui, ainda que tenha voltado a fazer outro jogo quase completo (a partida com o Newcastle) pouco mais foi utilizado por Ten Hag. Nesse jogo, foi o próprio treinador que justificou a titularidade de CR7 dizendo que se devia à ausência por lesão de Martial e à má condição física de Rashford, que, mesmo assim, acabou por o render aos 70 minutos;
- Já antes, o treinador holandês havia feito entrar Cristiano num jogo prestes a terminar e noutro, na humilhação perante o City, ter dito que não o lançou para jogo, por respeitar a sua fantástica carreira;
- Ontem, foi o que se viu. Foi posto a aquecer, sendo depois mandado voltar ao banco. Ronaldo não obedeceu e foi-se embora.
Se é certo que grande parte dos treinadores oriundos dos Países Baixos têm formas pouco ortodoxas de gestão dos planteis, neste caso quer-me parecer que existe algo mais, algo para que está para além disso. Uma coisa é certa, contradições não faltam. Indo já à mais óbvia, como espera ele que CR7 marque muitos golos sentado no banco?
Já volto a Ten Hag. Quero para já dar a minha opinião sobre o que aconteceu ontem. Ronaldo falhou para com as regras do clube e irá certamente cair na alçada deste. De resto, tudo fica na mesma. Já se percebeu que ele não respeita o treinador e este não o respeita a ele, apesar do que disse naquelas malfadadas afirmações. Ontem, a CR7, não faltou sequer o toque de requinte ao não ter saído de cabeça baixa e no acesso ao túnel, ir cumprimentando os adeptos das primeiras filas. Estes não se fizeram rogados mostrando quem verdadeiramente admiram.
E Ten Hag. Quem é Ten Hag? Se fizéssemos esta pergunta há 4 anos, poucos saberiam responder. Como futebolista foi banal. Como treinador, antes de chegar ao Ajax: Go Ahead Eagles, Bayern de Munique 2 e Utrecht. Neles, apenas venceu a Fußball-Regionalliga Bayern, ou seja, um título da 4ª divisão da Baviera.
Depois seguiu-se o Ajax e como na altura este clube estava para a Liga Holandesa como o Bayern para a Liga Alemã, ganhou vários títulos. Não obstante, nunca deixou de ter críticos, sobretudo antigas figuras do clube de Amesterdão que criticavam a qualidade do futebol apresentado, tendo em linha de conta os investimentos que o Ajax foi fazendo. Normalmente tem-se a ideia que o Ajax vende caro, algo que é verdadeiro, mas devido a isso e às boas políticas da sua direcção, há muito que se tornou uma instituição à qual é possível investir forte. Só para dar um exemplo, a transferência de Antony do São Paulo para o Ajax, custou mais de 20 milhões de euros.
Eis que este ano, os donos do Man United decidem contratar o holandês. Provavelmente no acordo terá ficado estipulado que o plantel sofreria uma revolução. Esta aconteceu, não só nos que saíram como também com as chegadas de Eriksen, Casimiro, Malacia, Martínez, Dubravka e Antony.
Não sei e provavelmente nunca ninguém saberá se aquando das conversações entre Hag e o clube terá sido abordada a questão de Cristiano Ronaldo. Como tal, é-me impossível fazer quaisquer considerações sobre o assunto.
Aquilo que não me é impeditivo fazer é julgar a forma como Ronaldo é tratado por parte de Ten Hag.
Sendo certo que CR7, como humano que é (embora por vezes não pareça), tem mais passado que futuro, ainda não é uma peça de museu! O troféu Bola de Ouro vale o que vale, mas Cristiano ficou em vigésimo lugar. Quantos jogadores do actual plantel do Man United ficaram à sua frente? Poupo-vos o trabalho de pesquisarem: apenas 1. Casimiro.
Outras teorias que poluem o comentário desportivo, querem fazer-nos querer que um jogador como CR7 não encaixa no tipo de jogo defendido pelo holandês. A estes, respondo com isto: “todos os grandes jogadores têm sempre lugar em qualquer equipa, jogue ela como jogar”. Esta frase é do grande Arrigo Sacchi.
Se Cristiano terá cometido alguns erros nesta “relação”, quer-me parecer que o Sr Ten Hag estará a tentar provar que consegue domar a “fera”. Terá ele tendências de pequeno Hitler, alguém que acredita piamente no quero, posso e mando, ou será um inseguro que se pretende afirmar à custa de um dos melhores jogadores de todos os tempos?
Seja como for e ao contrário do que por aí é dito, quem tem mais a perder é Hag, não CR7. Este, para além da máquina e marcas fortíssimas, tem um Mundial pela frente, livre de Hags, Hagzinhos e Hagzões. Nesse Mundial, estará um Fernando Santos que é o oposto do holandês. Até exagera.
É verdade que o Mundial pode-lhe correr mal, mas, como alguém perguntou há uns tempos:
- E se corre bem?
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