Selecção sob os signos do medo e incompetência

"Fernando Santos mentiu, uma vez mais, ao dizer que Portugal ia ser uma equipa corajosa, que ia jogar para ganhar e dominar Espanha. A seleção portuguesa tem mais jogadores do que treinador.
Um treinador que faz parte da história do seu país, por conta do Euro de 2016, mas que agora mesmo é uma chatice à porta do Mundial. Espanha juntou-se à história negra de Portugal com a França e com a Sérvia... O seu treinador assim pediu".

Miguel Ángel Lara, jornalista espanhol do periódico Marca


Este senhor, Miguel Ángel Lara, disse o que milhões de portugueses pensam e não têm coragem de dizer. Nesses milhões, incluem-se certamente muitos jornalistas e possivelmente até os mais altos responsáveis da Federação Portuguesa de Futebol.
As capas de hoje dos jornais desportivos nacionais, em vez de destacarem mais uma anedótica prestação do nosso seleccionador, falam de crueldade e azar. Apenas o Record vai um pouquinho mais longe ao intitularem de “Perdidos” a exibição da selecção.
Que vergonha, senhores jornalistas!

“A mim não me belisca nada. Tenho contrato até 2024.”

Fernando Santos deu mostras uma vez mais que não merece o cargo que ocupa. É um homem atarantado. Desde o esquecimento dum jogador no encontro anterior (isto alguma vez aconteceu a este nível?!) até ao “Não era o Jota que eu queria tirar, mas não digo quem era”, parecem-me coisas de quem está demasiado nervoso para ocupar aquele lugar. (Nota: nervoso foi a palavra mais bondosa que encontrei.)

“A mim não me belisca nada. Tenho contrato até 2024.”

Tal como em muitos outros, o pestanejar de Santos durante este encontro, deverá ter mantido os olhos muito mais tempo fechados do que abertos. Um caso de estudo, certamente. Ele foi totalmente incapaz de ver que o jogo mudou aos 60 minutos. Quando Luis Enrique refrescou o meio campo e pôs dois jovens, disse ao que ia. FS demorou 13 minutos a responder e quando o fez, retirou Bernardo Silva e meteu João Mário. Apetece-me incluir aqui um inglesismo: WHAT?!!

“A mim não me belisca nada. Tenho contrato até 2024.”

Acredito que FS sinta na pele o rótulo de “conservadorismo” de que frequentemente o acusam. (Mais uma nota minha: não lhe chamaria conservadorismo, mas sim, medo.) Assim sendo, acredito que queira à fina força demonstrar que todos estamos errados e que ele é um homem corajoso, embora toda a sua carreira, clubes e selecções, demonstre o contrário. Provavelmente por causa disso, não fez o que se impunha naquela altura: defender à séria!
Todos os grandes treinadores (ou mesmo os não tão grandes) sabem que há momentos em que não resta mais nada e há uma necessidade premente em defender bem, pois o adversário não tem nada a perder e irá, como se diz na gíria, dar tudo! (Nota: ainda por cima, não era um adversário qualquer.)
Será que nós não tínhamos gente capaz de suster uma Espanha que nem sequer está no seu melhor? Reparem apenas em quem não saiu do banco português: Diogo Dalot, Tiago Djaló, Mário Rui, João Palhinha e Matheus Nunes.

“A mim não me belisca nada. Tenho contrato até 2024.”

Quem vos escreve, jura-vos que não estaria aqui a criticá-lo se tivesse metido mais um central (o tal esquecido) e João Palhinha à frente do trio de centrais que se formaria. Mas quem vos escreve, critica-o com toda a veemência por não ter percebido que Ruben Neves, Bruno Fernandes e William Carvalho já mal se podiam mexer. Ou então, se o percebeu e se em dois destes casos actuou demasiado tarde, que mais pode fazer senão apelidá-lo de incompetente?

“A mim não me belisca nada. Tenho contrato até 2024.”

A Espanha passou a fazer o que quis porque o meio-campo de Portugal estoirou! Este estoiro reflectiu-se no nosso sector mais recuado. A certa altura, a desorientação era tanta, que a bola saltitava na grande área portuguesa e mesmo quando um jogador luso tocava nela, nem sequer era capaz de mandar um chutão para a bancada, deixando-nos respirar por momentos. Eu não quis acreditar no que estava a ver. Para além de tudo o que disse antes, faltou uma voz de comando dentro de campo - já que fora dele, ela não existe. Faltou Pepe, dirão. Sim, mas devo relembrar que Pepe tem 39 anos, problemas físicos constantes e que é preciso “fabricar” uma dupla de verdadeiros centrais rapidamente. É Danilo a solução para jogar ao lado de Ruben Dias? Preciso mesmo de responder a isto?

 “A mim não me belisca nada. Tenho contrato até 2024.”

Muito mais haveria para dizer sobre este jogo, mas vou terminar, falando de Cristiano Ronaldo.
Acredito que Fernando Santos creia piamente que CR7 irá ser sempre o seu salvador. Mesmo agora em que este se encontra numa enorme baixa de forma e em que na segunda parte já quase só se arrastava em campo, com a crueldade dos fracos, Santos manteve-o lá dentro, quiçá à espera dum milagre. Apesar do que se diz, Cristiano é um ser humano. Ontem foi uma das maiores vítimas de Fernando Santos.
Para terminar, relembrar o que este disse, armado em pavão, após o jogo com a fraca República Checa: “só me falta um título, é fácil imaginar qual é ele.”
Se se referia a ser campeão do mundo, faltou mencionar a modalidade. Sueca? Berlinde? Chinquilho? Esclareça-nos, Sr Engenheiro!

“A mim não me belisca nada. Tenho contrato até 2024.”


Se Fernando Santos estivesse a treinar um clube, uma “entidade privada”, eu poderia criticá-lo à mesma, mas seria diferente. Santos está à frente da equipa que deveria ser representativa do MEU PAÍS e é pago por uma Federação que, entre outras fontes, usa dinheiros públicos - ou seja, dinheiro de todos nós.
Embora tema que não vai acontecer, não ficaria bem comigo próprio, se não apelasse ao Dr Fernando Gomes, para pôr fim a esta catadupa de coisas más. É caro despedir Fernando Santos? Acredito que sim, mas mais caro será mantê-lo e dar cabo da sua reputação como presidente, bem como da saúde de milhões de portugueses que ama a selecção e sofre com ela.
Se a sua dúvida passa por quem o substituir, dou-lhe uma sugestão barata e que está aí dentro do seu edifício. Chama-se Rui Jorge.

Obrigado por lerem,
Ball

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